sábado, 12 de outubro de 2013

SÁBADO DAS CRIANÇAS


Ativas e inquietas, as crianças demandam muita energia em seu cuidado por elas. Cheias de vitalidade e uma percepção única do mundo ao seu redor, não há quem não se encante com sua lógica simples, sorriso fácil e perguntas diretas – por vezes constrangedoras! Se setembro traz consigo a beleza das flores, outubro nos relembra a melhor fase da vida de uma pessoa: a infância.


Esse ano o dia das crianças está sendo celebrado no sábado, um dia muito apropriado  pois nos lembra Daquele que apreciava a companhia desses pequenos: “Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus”. Mt 19:14.  A Igreja Adventista do Sétimo Dia  preocupa-se muito com a formação mental e espiritual dos seus infanto-juvenis, tanto que desenvolve ações para acompanhar de perto o seu crescimento. Uma dessas ações foi a criação do clube de aventureiros, exclusivo para crianças de seis a nove anos em que a igreja, o lar e a escola se unem para ajudar as crianças a crescerem alegremente em sabedoria, estatura e graça para com Deus e os homens. E o clube de desbravadores, que cuida do desenvolvimento físico, mental e espiritual de juvenis de 10 a 15 anos.


O estatuto da criança e do adolescente – ECA, estabelece que todas as crianças tem direito ao convívio em família, à educação, saúde, lazer e segurança. Para proteger suas crianças, a IASD promove campanhas como o Quebrando o Silêncio, desenvolvido em oitos países da América latina desde 2002, o projeto possui um viés educativo e de prevenção contra o abuso e a violência doméstica. Um de seus objetivo é “prevenir e combater a violência contra crianças, mulheres e idosos, além de orientar as vítimas na busca de ajuda dos órgão competentes” (Portal do Quebrando o Silêncio).


A igreja central de Juazeiro possui cerca de 50 pequeninos de 0 a 12 anos divididos em classes bíblicas adaptadas à sua mente em formação. Professora do Ministério Infantil há 33 anos, Lia Costa, enfatiza que as crianças entendem tudo que lhes é passado: “Através de histórias, músicas e brincadeiras as histórias da Bíblia ficam marcadas na mente delas e, no futuro, a gente vai ver o quanto valeu a pena”, revela. Muitos dos jovens universitários da igreja já passaram pela classe de Lia, o que lhe oferece uma motivação a mais para trabalhar com esse público. Entretanto, nem tudo são flores nesse trabalho com as crianças. Outra veterana desse Ministério, Joyce ferreira, professora há mais de 20 anos das crianças de seis a oito anos, lista a dificuldade de seu cargo: “Trabalhar com eles é muito bom, mas falta o apoio dos pais, o interesse em comprar a lição deles. Outro problema é a falta de recurso humano... eu estou há tanto tempo por aqui por que não tem quem fique no meu lugar, as pessoas não querem responsabilidade e deixar os meninos sem as atividades da classe não é uma opção para mim” declara Joyce.


Nesse ano a diretora do Ministério Infantil, Juciene Santos Sousa, lançou o projeto Criança não é Futuro é Presente. “criança não é futuro, por que no futuro ela não é mais criança. Temos que fazer algo por elas hoje”, afirma Juciene. O objetivo desse projeto é envolver a criança na programação da igreja, fazê-la sentir-se participante e importante no meio da congregação, criando assim uma sensação de pertencimento a esse local. Pedagoga por formação, Juciene ressalta a importância dos projetos voltados a esse público: “Se a gente educa hoje a criança, amanhã não vai precisar repreender o adulto. Temos que valorizar a criança enquanto criança e enfatizar o potencial que ela tem pra Jesus”.  

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

UM BREVE ENSAIO SOBRE MÍDIA E CULTURA



APRESENTAÇÃO


O sistema midiático pode ser definido como o aparato ideológico global.  Em certa medida esse sistema nos induz a aceitar essa globalização e insere, no disco rígido do nosso cérebro, o aparato midiático em todo seu conjunto, “quer dizer, o que a imprensa diz a televisão repete, a rádio repete, e não apenas nos noticiários, ma também nas ficções, na representação e um tipo de modelo de vida que se quer apresentar (RAMONET, 2003, p. 243).
Até que ponto nos envolvemos com essa representação e se ela é benéfica,veremos nesse trabalho.


MÍDIA E FICCÇÃO – ATÉ ONDE IREMOS?

            Pode-se pensar que a sociedade em que vivemos hoje é algo atual e sem precedentes. Mas quase tão antiga quanto a própria história é a necessidade do homem de comunicar-se desenvolver essa sua habilidade. “A sociedade contemporânea sempre esteve apoiada em redes de comunicação para intercâmbio de pessoas, bens, capitais, informações e ideias” (COSTA, 2002, p.53)
           
            A vertiginosa invenção e o rápido desenvolvimento das tecnologias comunicacionais como o rádio, o cinema e a televisão vão, aos poucos, transformando o mundo e a maneira que nele se vive, as pessoas e o modo de viver sua cultura, acompanhando sempre o contexto histórico-cultural em vigência. A migração de populações por todo o globo, a indústria cultural mundializada e a emergência de uma sociedade baseada, principalmente, na imagem são bons exemplos da súbita ruptura nos limites da cultura. O contato direto com pessoas de culturas de outros lugares do mundo e a presença cada vez mais forte no cotidiano das pessoas resulta no processo de transculturação, “uma forma imprecisa e indecisa, evidente e presente, na qual se expressam instituições e ideias, modos de ser, agir e sentir, pensar e imaginar próprios de um horizonte mundial.” (IANNI apud COSTA, 2002, p.58).


            No interior desse processo, a narrativa ficcional vai atuar de forma decisiva permitindo ao homem elaborar identidades e alteridades, diversidades e desigualdades. Processo esse que o envolverá cada vez mais com o poder das ficções produzidas pelas mídias, sendo seus pioneiros os folhetins. Os folhetins se pautavam em narrativas populares e eram adaptadas aos veículos de comunicação de massa, passando assim a ditar modas de comportamento. Tão grande era o envolvimento do público com a ficção que este se inseria no cotidiano daquele, ultrapassando os limites do texto e despertando seu lado voyerista através de cenas descritivas e elementos tirados da vida real. O furor dos folhetins alcançou altas proporções com a invenção da fotografia. Seu sucesso estava na semelhança com pessoas e lugares reais, transportando o público para aquela dimensão ficcional, onde a vida dos personagens retratados é mais comovente e empolgante. O êxtase dessa relação explode em um turbilhão de sentimentos com a criação de uma “máquina” de produzir sonhos e gerar mitos e paixões: o cinema, que revoluciona e estreita ainda mais a relação homem-ficção. Em um país de maioria analfabeta, como o Brasil, esse êxtase é compreensível, visto que a imagem associada ao áudio atinge mais espectadores.


            À eterna pergunta: a vida imita a arte? Apropria base do cinema vai responder. Em seu início, o cinema busca nos espetáculos populares a sua inspiração. Temos, portanto, a arte imitando a vida e o cinema exercendo um forte poder de persuasão no imaginário das pessoas, sendo um refúgio de seus problemas e frustrações. Poder esse que não era exclusivamente seu. O rádio também já estava incluso nesse contexto. Invadindo lares – mesmo com permissão – criando uma relação diária com o ouvinte, estabelecendo uma grade horária e trabalhando os sentidos. O rádio foi e é uma das mídias mais próximas e utilizadas pela massa, por que atingia alfabetizados e analfabetos – o que era impossível com os folhetins.


            A invenção da TV se torna o marco da comunicação de massa. Criando novas formas de interação capaz de diminuir as distâncias ente idiomas e classes sociais e mudando a forma de relacionamentos entre as pessoas que se envolvem emocionalmente com as telenovelas e perdem o contato uma com as outras, valorizando o sentir analógico – os lugares, os hábitos, as alegrias e tristezas – em detrimento do sentir emocional – convívio, conversas, abraços – aproximando pessoas de todo o mundo e separando amigos e vizinhos. “Até mesmo nos espaços de maior familiaridade, a afetividade e as relações humanas recaem no esquecimento”. (GUIMARÃES, 2002, p. 125). As pessoas não vão mais à praça ou às janelas para conversarem, a vida do vizinho já não importa tanto e a sua própria vida envolve-se no enredo apresentado pelas mídias analógicas sendo também, sutilmente, influenciadas por elas.


Em entrevista concedida à Revista Época, do mês de fevereiro de 2009, o economista peruano do Banco Interamericano de desenvolvimento (BID), Alberto Chong, discorre sobre estudos recentes do BID acerca de como as telenovelas moldaram o Brasil, ajudando o país a criar famílias menores e aceitar o divórcio.

As pesquisas coordenadas pelo economista analisaram o conteúdo de 115 novelas, principalmente, da TV Globo, entre 1965 e 1999, nos horários de 19 e 20 horas. Nessa amostragem, 62% das personagens femininas não tinham filhos e 26% delas eram infiéis aos seus parceiros – o que suavizou o tabu do adultério. (REVISTA ÉPOCA, 2009, p. 98)


Segundo dados do IBGE, casos de divórcio aumentaram drasticamente nos últimos trinta anos (ÉPOCA, 2009). Em suas pesquisas, Chong notou que, durante esse período, por ser a novela uma das maiores atrações da TV brasileira “quando sua protagonista era divorciada ou não-casada, a taxa de divórcio aumentava 0,1 percentual.” Esse é um bom exemplo do quanto a sociedade e suscetível à mídia e envolvida por ela.


 Diante desse cenário, as instituições religiosas começaram a valer-se da mídia ao seu favor para que a religião não morresse à margem da globalização. Seguindo a tipologia de organização de Katz e Kahn (1978 apud Kunsch, 2003) A igreja é uma organização religiosa de manutenção da sociedade. E como ela desenvolve essa manutenção? Cultivando valores que são, a todo instante, bombardeados pelos veículos comunicacionais. O pensamento moderno de Berhan Marshall (1986, p.109) de “tudo que é sólido se desmancha no ar”, é sempre lançado na mídia, estabelecendo novas formas de comportamento humano e relacionamento conjugal:

Homens e mulheres modernos precisam aprender a aspirar à mudança: não apenas estar aptos a mudanças em sua vida pessoal e social, mas ir efetivamente em busca delas, procurá-las de maneira ativa, levando-as adiante. Precisam aprender a não lamentar com muita nostalgia as “relações fixas, imobilizadas” de um passado real ou de fantasia, mas se deliciar na mobilidade, a se empenhar na renovação, a olhar sempre na direção de futuros desenvolvimentos em suas condições de vida e em suas relações com outros seres humanos.


Essa linha de pensamento é amplamente difundida pelas mídias analógicas como a televisão – através das novelas – e patrocinada pelas mídias digitais – permitida pela inúmeras salas de bate-papo.


Em seu trabalho de manutenção a igreja Adventista utiliza de todos os meios de comunicação para a evangelização. Ela possui revistas impressas, concessão de canal de televisão e rádio, chamada rede Novo Tempo, páginas na internet como sites, twitter, facebook, blogs oficiais e canais no youtube. A Rede Novo Tempo de Comunicação, foi inaugurada em 1996, na cidade de Nova Friburgo, RJ. Formada pela TV, rádio, em português e espanhol, e os Ministérios de A Voz da profecia e Está Escrito. Ambos os ministérios são projetos de evangelização para o rádio no início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, na Califórnia. (www.novotempo.com).

Como vimos, não há um limite para o desenvolvimento das mídias e de suas ficções. Através de seus meios de comunicação, a igreja demonstra que não há mesmo um limite para o seu “Ide e Pregai”. Mt: 28.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


            Somos envolvidos a todo o momento pelo que a mídia impõe. Uns envolvem-se mais com suas representações outros menos, mas somos todos seduzidos por suas imagens, cenários e sentimentos e, muitas vezes, envolvemos a história de nossas vidas aos enredos que nos são apresentados. Esse trabalho se propôs analisar como o surgimento da mídia analógica mudou comportamentos e transformou relacionamentos e como a igreja, em contrapartida, aprendeu a usar esse mesmos recursos ao seu favor.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


A BÍBLIA SAGRADA. Traduzida em português por João ferreira de Almeida. Revista e atualizada no Brasil. 2 ed. Barueri – SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1988.
COSTA, Cristina. Ficção, Comunicação e Mídia. – São Paulo: Editora Senac, 2002.
GUIMARÃES, Belarmino César. Estética da violência: Jornalismo e produção de sentidos. – Campinas, SP: Editora Unimep, 2002.
MARSHALL, Berhan. Tudo que é sólido se desmancha no ar. A aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das \Letras, 1986.
RAMONET, Ignácio.  O poder midiático.  In: Moraes, Denis de. Por uma outra comunicação. Rio de Janeiro. Record, 2003.
REVISTA ÉPOCA. Maconha: por que é preciso debater a legalização do uso de drogas. 561ª Ed. Editora Globo. Fevereiro, 2009.
KATZ, Daniel e KAHN, Robert L. Psicologia social das organizações. In: KUNSCH, Margarida Maria Krohling. Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. – Ed. rev. atual. e ampl. – São Paulo: Summus, 2003.
www.redenovoempo.com acessado em 15 de setembro de 2013.